Orquestra de câmara, sinfônica e filarmônica são diferentes designações dadas a um determinado conjunto de músicos que vemos recorrentemente em gravações de áudio, vídeos no YouTube e em tantos outros lugares. Mas você sabe qual é a diferença entre esses tipos de orquestras? Não?! Então dê uma conferida neste nosso artigo curtinho para tirar todas as suas dúvidas sobre este tema!
Orquestra de câmara
De maneira geral, a palavra “câmara” no contexto musical refere-se a um ambiente de menor dimensões e é utilizada para designar as diferentes formações compostas por um pequeno número de músicos. Porém, não podemos confundir música de câmara com orquestra de câmara, que são termos diferentes. Música de câmara é um tipo de repertório que compreende diferentes formações (como duos, trios, quartetos, quintetos, entre outros), em que cada músico tem uma parte individual muito bem definida. Já a orquestra de câmara (assim como qualquer outro tipo de orquestra) é composta por naipes, que são seções (com mais de um músico) que tocam a mesma parte musical. Por exemplo, vários violinistas juntos formam o naipe dos primeiros e dos segundos violinos, um certo número de violistas forma o naipe das violas e assim por diante. E chegamos a um ponto importante: orquestras sempre tem sua base nas cordas friccionadas — ou seja, violinos, violas, violoncelos e contrabaixos —, sejam elas de câmara, sinfônicas ou filarmônicas. Orquestras de câmara, portanto, são orquestras que possuem um pequeno número de músicos e contém apenas naipes de cordas ou um naipe de cordas em conjunto com um pequeno número de músicos de sopro e percussão. As formações das sinfonias de Haydn e boa parte das de Mozart, por exemplo, caracterizam-se como orquestras de câmara, formadas por cordas, alguns sopros (madeiras e/ou metais) e, às vezes, tímpanos. Por fim, essas orquestraa são, geralmente, conduzidas pelo próprio spalla e podem (ou não) possuir maestros.
Orquestras sinfônica e filarmônica
Tanto as orquestras sinfônicas quanto as orquestras filarmônicas são formações maiores, possuindo um maior número e uma maior diversidade de instrumentos de cordas friccionadas, madeiras e, especialmente, metais e percussão. No período clássico, a orquestra chegou a uma configuração mais estável, composta por cordas, quarteto de madeiras a dois (ou seja, duas flautas, dois oboés, dois clarinetes e dois fagotes), frequentemente trompas e em menor frequência, tímpanos, trompetes e trombones. Já no século XIX, a orquestra foi gradativamente aumentando, chegando até 6 trompas, 4 trombones, tuba, corne-inglês, contrafagote, flauta-piccolo, e uma grande variedade de instrumentos de percussão, além de um expressivo aumento no número de instrumentistas de cordas, entre outras possibilidades. As orquestras sinfônicas e filarmônicas que conhecemos hoje são grandes corpos instrumentais compostos desses instrumentos e, de acordo com o repertório, as formações são aumentadas ou diminuídas.
A grande confusão vem quando buscamos distinguir os termos sinfônica e filarmônica. Podemos basicamente dizer que são nomes diferentes para a mesma coisa. A grande questão é que na origem desses termos, a organização administrativa da orquestra era outra: as sociedades filarmônicas eram formadas por “amantes da harmonia” (significado de philharmonic ou “filarmônico”) — músicos que se reuniam para promover cultura e, assim, eles mesmos geriam as orquestras. Já as sociedades sinfônicas tinham uma visão mais corporativa, com diretores e conselhos hierárquicos que geriam esses grupos. Outra questão administrativa que já se vinculou a esses termos quanto à gerência institucional é que os corpos sinfônicos possuíam financiamento e controle estatal, enquanto as filarmônicas se enquadravam na iniciativa privada. Entretanto, atualmente essas definições se mesclam e, praticamente todas as orquestras sinfônicas e filarmônicas possuem uma parte de gerência institucional (que pode ter ou não participação de representantes dos músicos) e são sustentadas por financiamento público e/ou privado. Por isso, hoje não é tão fácil distinguir esses dois tipos de orquestras e, no fim das contas, orquestras sinfônicas e filarmônicas são em essência quase a mesma coisa, com nomenclaturas diferentes.