Algumas das perguntas que mais recebemos em nossos canais de comunicação são: “É possível aprender violino sozinho, como autodidata?”, “O que é necessário saber para se tornar um violinista?”, “Qual o melhor método para se começar a aprender violino?”, “O que eu estudo depois do concerto X que estou tocando?”, entre outras. Neste artigo, explicamos porque ainda é tão difícil uma pessoa se tornar um bom violinista estudando como autodidata (sem orientação de um professor) e apresentamos também uma série de habilidades, competências e conteúdos que são trabalhados no decorrer da formação de um violinista – uma espécie de “currículo violinístico”. Gostou do tema? Então, vamos lá!

EDUCAÇÃO FORMAL X EDUCAÇÃO INFORMAL

A formação de um artista pode ocorrer de duas maneiras, não excludentes entre si: por meio de educação formal e/ou por meio da educação informal. A educação informal é aquela que não é sistematizada, que geralmente não segue uma estrutura curricular pré-definida e é desenvolvida a partir de experiências pessoais e sociais do indivíduo. É a aprendizagem que acontece, por exemplo, quando tocamos com amigos ou em ambientes específicos (como igrejas ou rodas de choro), quando improvisamos intuitivamente, tiramos músicas de ouvido, fazemos descobertas técnicas ou musicais por conta própria, ouvimos músicas, etc. Já a educação formal é aquela geralmente orientada por um professor e que segue um determinado currículo tradicional (mesmo que não escrito), com uma ordenação básica de conteúdos. Esse é o tipo de educação presente nas escolas de música, faculdades, conservatórios e, de certa forma, nas aulas particulares de instrumento.

De maneira geral, a educação formal tende a ser um pouco mais ampla e rápida do que a educação informal. Mas ela é limitada e não dá conta de fornecer tudo o que é necessário para a formação de um verdadeiro artista. E é aqui que entra a aprendizagem informal, um imprescindível complemento à educação formal, que é responsável pelo desenvolvimento de habilidades e singularidades únicas para cada indivíduo, a partir de suas experiências de vida. Os maiores expoentes da música popular, de maneira geral, são artistas que tiveram uma base de estudo formal bem construída e que desenvolveram personalidades, habilidades técnicas e características musicais e interpretativas inovadoras a partir da mescla de seus conhecimentos formais com experimentações, práticas e conhecimentos advindos de sua aprendizagem informal no decorrer da vida. Veja só os exemplos de Stephane Grappelli, Ricardo Herz e Nina Simone.

Dessa forma, podemos nos entender como um recipiente que recebe esses dois tipos de conhecimentos – formais e informais. Ambos são muito importantes para a construção das nossas habilidades técnicas, interpretativas, musicais, expressivas, performáticas, etc. Quando não aproveitamos essas duas fontes, tendemos a limitar nossas capacidades e potencialidades. Por exemplo, uma pessoa que faz apenas aulas particulares do seu instrumento e que não toca em ambientes externos à sala de aula, que não busca ouvir músicas diferentes daquelas com as quais está mais acostumada, que não improvisa e não tem curiosidade sobre conhecimentos, técnicas ou sonoridades diferentes, muito provavelmente apresentará um desenvolvimento técnico-musical lento e limitado em termos de interpretação e performance. Por outro lado, se um autodidata muito curioso e dedicado buscar desenvolver-se tecnicamente sem o auxílio de um professor, certamente encontrará uma série de dificuldades para se guiar em um mar de conteúdos e possibilidades metodológicas, por mais musical, expressivo e espontâneo que ele seja. Seguindo na leitura do nosso artigo você entenderá porque estou falando isso. E embora a quantidade de informações disponíveis na internet seja grande e crescente a cada dia, há aspectos muito específicos relacionados à própria personalidade ou configuração corporal do violinista que precisarão de ser considerados, avaliados, adaptados ou corrigidos a partir do olhar de um avaliador externo.

Para finalizar, afirmamos que, para se tornar um bom violinista, são necessárias duas coisas: 1) orientação formal de um bom professor de instrumento, que te guiará nessa grande jornada técnica, interpretativa e musical; e 2) busca autônoma por conhecimentos e experiências que lhe permitam desenvolver suas ideias artísticas e expressá-las em seu instrumento, além de novas habilidades relacionadas ao seu campo de atuação, mas diferentes daquelas trabalhadas no ambiente de ensino formal.

BREVE CURRÍCULO VIOLINÍSTICO

Elaboramos um infográfico que sintetiza os conteúdos que acreditamos serem importantes para a formação de um bom violinista. Para trabalharmos todos esses conteúdos, utilizamos publicações didáticas, como tratados, métodos, livros de exercícios e repertório. Se você quiser saber mais sobre como organizamos os métodos e repertórios de acordo com o nível técnico do aluno, assista nossos dois vídeos sobre o assunto, que colocaremos abaixo do infográfico. Muitos desses materiais estão disponíveis para download aqui no nosso site.